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The New York Times repercute ‘presente’ de Trump a Lula

Tarifas de Trump, segundo jornal americano, reacenderam apoio ao petista e chacoalharam 'cenário político do Brasil'

Por Paula Freitas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 jul 2025, 17h25 - Publicado em 17 jul 2025, 11h03

O jornal americano The New York Times afirmou nesta quinta-feira, 17, que as tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tiveram um efeito “inesperado”: reacenderam o apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dando ao petista a narrativa de que não irá “ceder a um valentão”. Anunciadas na semana passada, as taxas de 50% surgiram como forma de retaliação à suposta “caça às bruxas”, como definiu Trump, ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo governo brasileiro e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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A reportagem comparou o cenário eleitoral no Brasil ao testemunhado nos EUA no ano passado: “A corrida presidencial do Brasil no ano que vem estava se configurando para ser algo que os americanos poderiam achar familiar: um titular envelhecido com popularidade decrescente, atrás de um populista descarado que alegou que a última eleição havia sido roubada dele”, disse o texto. “Então entrou o presidente Trump.”

O NYT afirmou que a ameaça de Trump como tentativa de “salvar seu aliado”, em referência a Bolsonaro, acabou por reorganizar “o cenário político do Brasil”. A postura combativa do presidente brasileiro, que se recusa a ceder à pressão do republicano, “está sendo elogiada na imprensa, viralizando online e renovando a esperança de que o Sr. Lula possa conquistar um quarto mandato no ano que vem, dias antes de completar 80 anos”, de acordo com o veículo.

“Eles têm motivos para estar otimistas: dias após as ameaças tarifárias de Trump, os índices de aprovação de Lula atingiram o nível mais alto em meses. Novas pesquisas mostraram que 43% a 50% dos brasileiros aprovaram seu desempenho, um aumento de três a cinco pontos percentuais desde maio”, destacou o The New York Times.

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“A mudança na opinião pública é mais um exemplo do movimento anti-Trump , um fenômeno global que remodelou as eleições no Canadá, Austrália e outros lugares ao aumentar o apoio a políticos que desafiam o presidente dos EUA”, acrescentou.

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De tropeços à resposta firme

O jornal apontou que a “alta nos alimentos” e os “tropeços na política interna” haviam nublado as perspectivas de Lula, levando à sensação de que “era hora de passar o bastão para alguém novo: 57% dos brasileiros não queriam que ele concorresse à reeleição”. A movimentação de Trump no tabuleiro político internacional, no entanto, o renderam um trunfo. O NYT apontou que o petista “respondeu firme e rapidamente à ameaça, sinalizando que estava aberto a negociar, mas que não cederia no caso de Bolsonaro”.

O texto relembra que as tarifas entrarão em vigor “pouco antes de Bolsonaro ser julgado sob a acusação de orquestrar uma vasta conspiração para anular a votação, desmantelar os tribunais e conceder poderes especiais aos militares”, incluindo acusações de que “o complô incluía planos para assassinar Lula”. Encurralado, Bolsonaro, como indica o The New York Times, disse “que ‘não estava satisfeito’ com as tarifas de Trump, mas sugeriu que a imunidade, para ele e seus aliados, era o caminho para uma trégua econômica com os Estados Unidos”.

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Lula, contudo, nega qualquer forma de anistia e prometeu responder à altura aos planos de Trump, o que poderia dar início a uma guerra tarifária. A queda de braço econômica “com os Estados Unidos, o segundo maior parceiro comercial do Brasil, poderia causar um choque econômico doloroso, piorando a inflação e elevando os preços de alimentos, remédios e combustíveis”, salientou o jornal. 

“Historicamente, os brasileiros culpam os que estão no poder pela turbulência econômica. Mas Lula pode escapar da fúria dos eleitores responsabilizando Bolsonaro e seu filho, que tem feito lobby na Casa Branca em nome do pai, pelas tarifas”, ponderou.

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Inimigo externo

A reportagem relembrou que Lula já foi chamado por Barack Obama, ex-presidente dos EUA, de “o político mais popular do mundo”. O NYT pontuou, ainda, que o petista “governou o Brasil durante uma era de ouro de crescimento impulsionado por commodities, de 2003 a 2011”. O jornal rememora também a prisão de Lula “em conexão com um vasto esquema de corrupção, mas sua condenação foi anulada, o que o liberou para concorrer e derrotar o Sr. Bolsonaro por uma pequena margem”.

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“Lula tem sido prejudicado por uma série de crises internas. E tem lutado para levar adiante sua agenda, entrando em choque com um Congresso dominado por partidos de direita e de centro”, reconheceu o jornal. “No ano passado, uma queda no chuveiro gerou preocupações de que talvez fosse hora de Lula abrir espaço para um sucessor mais jovem.”

O que Trump não esperava, segundo o NYT, é como Lula conseguiria reverter o cenário tarifário a benefício próprio. Não há nada como um inimigo externo para sacodir o jogo político. Agora, o petista muda “o foco dos brasileiros para questões como nacionalismo e soberania”, analisa o The New York Times. Resta saber se será o suficiente para impulsioná-lo nas incertas eleições de 2026.

 

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